sábado, 26 de setembro de 2009

O SOLAR DE FRALÃES

O edifício actual do Solar de Fralães não tem a grandiosidade dos de outros solares. Mas aquela torre senhorial faz inveja a muitos.
A torre e algumas portas do rés-do-chão em ogiva deverão vir do séc. XV, o resto do edifício é reconstrução de finais do séc. XIX. Tinha havido obras significativas em meados do séc. XVIII, mas hoje o seu resultado não é reconhecível.
O P.e Carvalho da Costa da Costa deixou do solar uma descrição sem dúvida exagerada:

Têm estes senhores aqui a maior Casa das antigas de quantas vi em Portugal, & Galiza, com Torres, grandes salas, muitas fontes curiosas, jardins, & hortas, dilatados pomares de toda a fruta ordinária, & de espinho, & uma grande mata de Carvalhos, & Castanheiros, cousa magnifica.
Em meados do século há contudo referência à torre que conhecemos hoje.
Não foi nesta casa que nasceu D. Paio Peres Correia. O solar do seu tempo devia ficar a uns 300/400 m para poente do actual, na encosta do monte. De facto, houve aí até há um século o lugar do Paço – que aliás teria origem romana, como no-lo afirmou um arqueólogo que visitou o local.
O autor da Corografia Portuguesa, quando passou por Fralães, fez uma descoberta arqueológica: encontrou a servir de degrau numas escadas uma lápide romana dedicada a um tal Aurélio Patrício por um seu filho legionário. O P.e Carvalho fez porém uma leitura fantasiosa da inscrição. A lápide guarda-se hoje no Museu de Martins Sarmento, em Guimarães.

Pela altura em que os Marqueses de Monfalim restauraram o solar (finais do século XIX), um sacerdote de Viatodos escreveu sobre ele o seguinte soneto:

Fralães, matrona que possuiu nobreza,
todo em ruínas, seu solar deplora,
narrando ainda a prístina grandeza,
poder e fausto que ela teve outrora.

De quantos bens e honras foi senhora,
E hoje vive esquecida... e na pobreza!
Pelas humildes vestes de pastora,
Trocou as galas ricas de princesa!

Mas assentada, no alto, em seus penedos,
contempla ainda, como antigamente,
montes, planícies, rios e arvoredos...

A mão dos tempos que pesou sobre ela
tudo que tinha lhe roubou... Somente
a deixou sempre assim graciosa e bela.

Na primeira imagem vê-se o Solar de Fralães e na segunda uma das suas portas em ogiva, junto à torre senhorial.

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